A nova onda de Elon Musk 🐣 #47
Entenda o que as marcas tem a aprender e se preocupar com o novo Twitter
Desde que assumiu a presidência do Twitter, Elon Musk tratou de impor um jeito de governança um tanto peculiar. Entre especulações e promessas cumpridas, hoje a rede do passarinho opera de forma pouco transparente e um tanto obscura para os padrões atuais do que exigimos quando pensamos em gestão de marca.
E para aumentar a emoção, o CEO resolveu anunciar na última semana sua saída do posto mais alto e a chegada de Linda Yaccarino. A Nós da Cordão traz um compilado dos efeitos dessas decisões, e como elas já estão impactando seus usuários e também investidores e anunciantes. Será que estamos diante de um novo modelo de governança? Ou acompanhando o fim do Twitter?
Secando a fonte de receita
Entre outubro de 2022, mês oficial que Musk assumiu o posto mais alto, até janeiro deste ano, o Twitter perdeu quase 1.000 anunciantes de peso, como Coca-Cola, Unilever e Jeep. O motivo? A instabilidade apresentada com as demissões em massa e do relaxamento das políticas de segurança na plataforma.
Uma de suas promessas ao ingressar era reduzir a dependência da plataforma com as receitas de publicidade, mas o que preveem as empresas de inteligência é um cenário bem mais preocupante: uma queda de 28% só em 2023! Mas sem uma estratégia clara ou assertiva para reverter essa priorização, fica difícil até mesmo para quem confiava continuar investindo. Imagina quem nunca.
O preço do selo azul saiu mais caro
Comumente conhecido como selo azul, ao lado de nome de organizações públicas, empresas de renome e celebridades, o selo de verificação foi o alvo inicial de Musk para tentar mudar a equação da fonte de receita.
Primeiro, ele criou o Twitter Blue, uma espécie de Twitter por assinatura que permitia que qualquer usuário recebesse o símbolo, mediante pagamento. E a confusão foi generalizada: teve empresa farmacêutica vendo suas ações despencarem depois que um perfil fake com o selo azul comprado tweetou que iria tornar pública a patente de insulina!
A fama do programa estava feita e afastou ainda mais usuários quando Musk decidiu no início do mês passado que todas as contas com o selo azul já garantido também deveriam pagar se quisessem mantê-lo. Não só indignadas pela atitude, mas também querendo afastar sua imagem de fanáticos e trolls, como ficaram conhecidos os primeiros assinantes do Twitter Blue, a medida repercutiu pela baixa adesão: cerca de 4,8% das contas pré-verificadas se inscreveram no Twitter Blue.
Super App do passarinho
Na China, o WeChat é o melhor exemplo de um Super App, em que se pode pedir um táxi até pagar suas contas de água ou luz, algo que agora, Elon Musk deseja reproduzir para o Twitter.
Os movimentos mais recentes levam a crer que este é o próximo passo: ele transformou o Twitter Inc. em X Corp, e anunciou parcerias com empresas que já estão desenvolvendo formas de transações financeiras dentro do app, monetização para criadores de conteúdo da plataforma e, a mais recente, chamadas de áudio e vídeo com outros usuários sem sair da plataforma.
Mas algo que Musk parece ter subestimado é o motivo dos Super Apps serem um sucesso em países que ele domina. Diferente dos EUA, e até de países como Brasil, as tecnologias de telefone são bem mais avançadas e já habituaram o público a ser usuário de um menu de aplicativos, fora questões legais e de uso de dados. Na China, por exemplo, há pessoas que acreditam que a internet É o WeChat, já que ele é o único meio que elas consomem essa ferramenta. Será que vai dar certo?
É hora da sua marca sair do Twitter?
No meio de tantas polêmicas, inconstâncias e mudanças ao sabor do humor do seu novo dono, o Twitter ainda é uma plataforma para as marcas ficarem atentas, sim. Mesmo os polêmicos US$8 do selo verificado viram uma forma de proteção às marcas nesse ambiente, pois ele ainda é um espaço que muitas empresas usam como contato com os clientes e com possíveis usuários.
Já para outras, ele é um sinal de alerta: algumas companhias aéreas estão deixando de atender o suporte ao cliente pelo Twitter, como Air France e KLM. Elas alegam que a decisão vem das medidas caóticas do CEO, e que as fraudes com perfis verificados falsos é uma proteção a menos para garantir um bom atendimento ao seu consumidor.
Fora o engajamento, reside ai algo bem conhecido no mercado financeiro que pode explicar o comportamento de Musk até aqui: a especulação. Movido por seus instintos, o mesmo dono da terceira marca de veículos mais valiosa do mundo, a frente de BMW e Honda, pode estar liderando um novo momento para o consumo das plataformas digitais. E qual marca não vai querer estar lá, caso a previsão se concretize? É esperar para ver.
-29,3%
queda na confiança no Twitter entre os eleitores do Partido Democrata dos EUA registrada em novembro passado. O efeito contrário é percebido entre os eleitores do partido rival, Republicanos.
30%
aumento do preço da criptomoeda Dogecoin depois que Elon Musk decidiu trocar o famoso logo do passarinho azul pela imagem do meme do cachorro Shiba Inu.
1,5 Bilhão
número aproximado de perfis inativos que Elon Musk quer excluir. Na sua maioria são de pessoas falecidas e a grande polêmica é que, assim como provas sejam apagadas, novos usuários assumam essas contas para usos maliciosos.
15%
dos tweets de um estudo recente mostrou o volume do uso de discurso de ódio na plataforma, um dado que registra uma importante queda nesse tipo de disseminação, entre janeiro e fevereiro de 2023.
1.000
número aproximado de funcionários do Twitter hoje, segundo dados não oficiais de fontes internas. Somado com as demissões em massa do ano passado, o quadro foi reduzido em torno de 90%.
#2
posição que Elon Musk ocupa no ranking de bilionários da Forbes, em 2023. Mesmo com uma queda de quase 18% da sua riqueza do ano passado para cá (de US$219B para US$180B), podemos dizer que não está nada mal.