A forma como trabalhamos está intimamente interligada com questões que extrapolam o profissional. Nosso trabalho impacta as estruturas familiares, a forma como criamos nossos filhos, nossas escolhas de consumo, nossos hábitos de lazer, a forma como vemos a política e até o meio ambiente. Ou seja, falar sobre trabalho é falar também da nossa vida e das escolhas que fazemos para ela.
De outro lado, falar sobre trabalho é também falar sobre negócios. A maneira como as empresas pensam as relações trabalhistas forma sua marca empregadora e determina a capacidade de reter e atrair talentos, mas também determina sua habilidade de inovar, de ser produtiva e liderar mercados.
A pandemia nos forçou a mudar muita coisa na forma como trabalhamos e destas mudanças colhemos alguns frutos doces e outros tantos bem amargos. A discussão está mais forte e mais necessária do que nunca.
Por isso, nesta edição da news vamos a fundo em reflexões sobre o trabalho. Nós da Cordão sonhamos com um mundo de jornadas de trabalho mais saudáveis, felizes e produtivas para que isso reflita em nossas vidas - e também na sociedade.
Bom trabalho - ou melhor: boa leitura!
Pra ler com calma
Links bons demais para serem lidos rapidamente
Vibes de trabalho
Não tem como falar de futuro do trabalho sem mencionar o relatório maravilhoso que a Float fez sobre o tema. Ou melhor, sobre o que deu errado e qual o sentido do trabalho. As provocações vem de lugares já conhecidos de todos nós, como a ode à produtividade a qualquer custo, a normalização da precarização e o cansaço compulsivo, que nos torna reféns da própria narrativa do faça-o-que-você-ama.
Para cada uma das seis vibes do trabalho, como o relatório chama as relações atuais que temos com o trabalho, são desenhados arquétipos: figuras bem conhecidas e próximas de todos nós. Uma provocação que o estudo faz para entendermos como chegamos nesse ponto - e também como podemos sair.
Como ser um bom empregador no futuro?
O Futuro das Coisas e a ManpowerGroup elaboraram um relatório das 20 principais tendências de trabalho. De olho em como o trabalho impacta a vida e vice versa, o estudo é bastante completo, cheio de dados e referências para se consolidar como um mapa claro do que é preciso fazer para ser um bom empregador no futuro.
Pessoas são movidos por valores - inclusive seus funcionários.
Esta pesquisa da Edelmann revela aquilo que é mais importante para as pessoas escolherem entre empregadores. O estudo explica que Proposta de Valor para o Empregado (EVP) deve se parecer com um tripé, equilibrada nos atrativos tradicionais de pagamento e progressão na carreira, um novo foco no bem-estar do funcionário, com horários flexíveis e trabalho remoto - e no compromisso do empregador de agir para o bem frente os maiores desafios da sociedade. As empresas devem enfrentar cada perna deste tripé se quiserem ganhar e reter funcionários.
A pandemia vai acabar. Mas, e o home-office?
A possibilidade de retornar aos escritórios em tempo integral está preocupando os profissionais da indústria criativa - e também dos setores de tecnologia. Tanto que um terço dos profissionais cogitaria mudar de emprego se o retorno ao escritório fosse obrigatório.
Mas, um dos argumentos usados por quem não quer deixar o presencial acabar é que a produtividade caiu: e a culpa pode ser pela quantidade de reuniões! Um estudo com mais de 10 mil trabalhadores chegou a essa conclusão depois de analisar o aumento de 30% de horas trabalhadas por causa daqueles encontros de vídeo que poderiam ser um simples e-mail. Bom, agora a gente tem dados para comprovar, não é mesmo?
A verdade é que os modelos híbridos de trabalho vieram para ficar, e quem vem defendendo e fazendo um trabalho super bacana é o @beofficeless, um perfil que provoca refletirmos a real necessidade de ter todo mundo presencial - e o cuidado ao se autoproclamar remoto.
Do home-office para metaverso.
Quando o Facebook anunciou o objetivo de se tornar uma “empresa de metaverso” em até cinco anos, o termo ficou em alta. O metaverso representa a possibilidade de acessar uma espécie de realidade paralela com experiência imersiva. Ou seja: o metaverso não é algo real, mas busca passar uma sensação de realidade - e possui toda uma estrutura no mundo real para isso. Há quem diga que a evolução do home-office é o trabalho no metaverso. Este report da Wunderman Thompson explora as possibilidades deste futuro, imaginando como seriam as reuniões imersivas, salas virtuais 3D, hologramas e outras tecnologias aplicadas ao universo corporativo.
Cooperativas vão substituir o Uber?
Em todo o mundo, empresas gigantescas como Uber e Ifood estão enfrentando ações judiciais pelo tratamento de funcionários. Na esperança de reverter essa tendência e criar um sistema mais justo, cooperativas estão surgindo em todo o mundo. Um exemplo disto é a Drivers Cooperative que funciona como outros aplicativos de carona, mas todos os lucros vão para os motoristas, e não para um conglomerado. Este texto explora as possibilidades do modelo cooperativista competir com os gigantes.
O direito a desconectar agora é garantido por lei.
Também sobrou para os órgãos reguladores de trabalho a conta do trabalho remoto. É o que revela esse superpost da @thesummerhunter. Com a pandemia, as mensagens fora do horário de trabalho romperam as últimas barreiras- se é que tinha alguma para romper - o que levou alguns países a adotarem medidas legais para tentar coibir essa prática nociva e indesejada.
Head de Mindfulness e programas de compaixão.
Scott Shute é o nome por trás desse cargo, no Linkedin. O programa nasceu antes da pandemia, e conta com várias estratégias, principalmente para os líderes de equipes desenvolverem mais compaixão com os seus times e aplicar práticas de mindfulness, como a meditação, nas rotinas. Vale a pena seguir o Scott para ver como o assunto é abordado por lá.
Por outro lado, há quem defenda que muitos destes programas podem acabar se tornando uma maquiagem para o estresse e as demandas de trabalho crescentes. Este texto argumenta que os programas de práticas corporativas para ajudar a mente e o corpo podem incentivar o foco soluções paliativas ao invés de ir na real origem do problema.
Quem dá nome aos bois é Thatiana Cappellano neste texto sobre um caso anônimo do que vem sendo chamado de perversidade corporativa: a manutenção de situações que colocam o empregado frente à ameaça constante do desemprego.
Será que uma jornada de 40 horas nos faz gastar mais?
Este artigo da Rapititude explora a conexão entre uma jornada de trabalho de 40 horas e uma vida cheia de gastos desnecessários (que por sua vez nos obriga a trabalhar ainda mais em um looping infinito). O argumento principal é a falta de tempo livre nos deixa mais propensos a gastar em entretenimento, conveniência e também nos aprisiona em nossas carreiras atuais, já que nos sobra muito pouco tempo para aprender coisas novas. A leitura é interessante, porém pode ser bastante incômoda.
Como cada geração usa seu tempo livre?
Uma pesquisa da Newzoo mapeou o consumo de mídias para lazer entre as gerações. É curioso observar que, quanto mais jovem é a geração, menor é a hegemonia da TV. Os mais jovens da geração Z gastam seu tempo fazendo um pouquinho de tudo (lendo 11%, ouvindo música 14%, vendo tv 15%, vendo streaming 17%, usando mídias sociais 18% ou jogando 25%).
Olha esse dado
Números para embasar seu próximo projeto.
11.5 milhões
de norte-americanos se demitiram de seus empregos no meses de abril, maio e junho deste ano. O movimento já está sendo chamado de Great Resignation, ou grande renúncia - em tradução livre. A motivação é a onda de burnout e esgotamento mental intensificada pela pandemia. Especialistas dizem que isso não deve ocorrer no Brasil que, diferente dos EUA, está com a taxa de desemprego já bastante alta.
14,8 milhões
é o número de desempregados no Brasil no mês de junho de 2021. Consideram-se desempregados as pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias. A taxa de 14,6% é a maior desde março de 2004. Mas, a situação pode ser ainda pior: soma-se a este número os 5,7 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os 7,4 milhões de subocupados (pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais), totalizando 27,9 milhões de brasileiros em situação financeira instável.
56%
da geração Z norte-americana está satisfeita com o balanço da vida pessoas e profissional. O índice é o menor verificado entre gerações segundo o Adobe’s Future of Time Report.
61%
das pessoas escolhem seus empregadores baseados nos valores compartilhados, segundo o estudo da Edelmann Employee Trust Barometer 2021 que citamos ali em cima.
100%
das empresas Fortune 500 e 75% dos empregadores estadunidenses contam com sistemas de inteligência artificial para recrutar colaboradores, segundo estudo da Accenture com a Harvard Business Law. O destaque da pesquisa está no fato de que a IA pode estar reproduzindo preconceitos e deixando de fora do mercado, veja só, imigrantes, refugiados, ex-detentos e pessoas com deficiência.
$ 656 bilhões
é quanto as organizações globalmente pretende investir em tecnologias para o futuro do trabalho em 2021. Os dados são da IDC Spending Guide.
Olha esse termo
Marketeiros amam um neologismo, nós não somos diferentes.
Overemployed
O termo desse mês é, na verdade, uma comunidade: com a pandemia, muitas pessoas adotaram uma jornada dupla simultânea de emprego, sem avisar ambos da condição. Fundado por dois profissionais norte-americanos da área de tecnologia, Overemployed tem como objetivo reunir trabalhadores em torno do conceito de manter furtivamente vários empregos, enquadrando-o como uma forma de retomar o controle após décadas de salários parados e uma pandemia que levou a demissões imprevisíveis. Apesar de não ser ilegal, já vem causando alguns inconvenientes não só para as empresas, mas principalmente para os profissionais, seja pelas trapalhadas com agendas e reuniões ou por escancarar uma precarização do mercado como um todo. No Brasil também já chegou essa trend: em abril, um tweet que parecia uma singela fofoca no mercado publicitário se transformou em uma discussão sobre a necessidade de um profissional ter que manter dois - ou mais - empregos para garantir um salário justo. Gerou até um episódio de podcast! E você, o que acha de manter mais de um emprego?
Olha esse livro
Dicas de leitura com nosso selo de aprovação para edificar seu conhecimento.
Anywhere Office: e-book gratuito assinado pelo André Carvalhal, conta desde a origem do trabalho remoto até um passo a passo de como se adaptar a essa nova realidade (para acessar, é o último link da página).
After the Gig: How the Sharing Economy Got Hijacked and How to Win It Back: a economista e também socióloga Juliet Schor conta o que deu errado na economia compartilhada e porque, no fim, ela acabou reproduzindo a mesma discriminação e exclusão que propunha combater.
The Full Body Yes: Change Your Work and Your World From the Inside Out: Scott Shute, o Head of Mindfulness and Compassion do Linkedin que falamos ali em cima, assina esse livro recém lançado sobre a sua experiência e os principais pontos para quem deseja implementar a compaixão nos programas profissionais.
Atlas of AI: Power, Politics, and the Planetary Costs of Artificial Intelligence: baseado em um estudo de uma década, a autora desmistifica a ideia que a inteligência artificial salvaria a todos. Ela acompanha desde a cadeia de extração mineral até as políticas nada democráticas de um setor que está definindo o futuro do planeta.
Olha essa ferramenta
As vezes precisamos de uma mãozinha: aqui vão algumas.
Não faça nada por 2 minutos: é exatamente isso, dois minutos inteiros sem fazer nada. Se tocar no mouse ou no teclado o tempo recomeça. Você consegue?
Teste de criatividade: Pense em 10 palavras que são tão completamente independentes quanto possível e veja quão criativo você é neste Teste de Associação Divergente.
Emojipedia: um dicionário para quem se sente perdido com o significado dos emojis.
Tokboard: descubra as músicas que mais estão viralizando no TikTok com atualizações diárias.
Writesonic: Textos de todos os tipos escritos em segundos por inteligência artificial - o resultado é inacreditável. Ainda é só em inglês, mas se o Google Tradutor está conosco, quem estará contra nós?