Diversidade para além de junho #25
Como marcas e consumidores podem participar do Mês do Orgulho.
A gente poderia ter feito essa news para sair no início de junho, mas preferimos saber o que as marcas prepararam para celebrar o Mês do Orgulho LGBTQIA+. E mais do que isso: como as pessoas que precisam ser representadas se sentem e respondem a esse período.
Mais do que simplesmente a troca de uma foto do perfil ou de uma hashtag, percebemos que não precisa de data para se preocupar com a pauta de Diversidade e Inclusão. É sobre isso que falaremos nessa edição, trazendo informações e dados que podem nos ajudar - e nos provocar - a encontrar mais soluções e suporte nas estratégias de marca que desenhamos.
Como apoiar além do logo colorido
Essa reportagem da The Drum mostra alguns exemplos como marcas podem realmente se engajar no Mês do Orgulho. Por exemplo, o Tinder - que na Austrália, participou de uma campanha para derrubar o veto ao direito de pessoas LGBTQIA+ doarem sangue - ou Mc Donalds - nos EUA, a rede promoveu a maior liga de esportes do país, a Varsity Gay League com a campanha “No judgement”, protagonizada por integrantes - andam fazendo bonito.
O que você faz quando ninguém está olhando?
E vale o alerta: uma lista publicada ano passado mostrou uma relação de 25 marcas que estavam engajadas com campanhas do Orgulho mas que, juntas, doaram mais de US$10 milhões a políticos que apoiam leis anti-LGBTQIA+. Aí, complica.
Prioridade da porta para dentro?
Uma pesquisa da GPTW de 2022 revelou que as pessoas sentem que a pauta de diversidade e inclusão tem perdido posição estratégica nas empresas. Se em 2019 ela era percebida como prioridade para 24%, hoje ela caiu para irrisórios 17,9%!
Apesar de alguns especialistas discordarem do impacto, alegando que a pauta está mais madura e evoluindo para outros enfoques, é de se refletir porque os funcionários tem essa sensação. E a justificativa é pela falta de engajamento das lideranças e de processos de recrutamento e seleção mais inclusivos.
Creators e a visibilidade
Já virou “piada” entre os creators a respeito das marcas que só lembram da sua influência no Mês do Orgulho. Se falamos de diversidade, por que não o ano inteiro? Nessa reportagem, creators de todas as letras contam um pouco das expectativas e de como é importante prestar atenção em quais marcas querem que a sua reputação esteja aliada.
No Brasil, vale a pena acompanhar uma das mais proeminentes criadoras de conteúdo: Alexi Britto, conhecida como Bota Pó. De campanha estadual para educação até garota propaganda de produto de beleza, ela não esconde sua vida simples e muito agitada nas redes sociais. Para entender esse fenômeno, e sua relevância, vale acompanhar o episódio do Além do Meme.
O país do futebol não quer mais armário
Com estréia marcada para este mês, o podcast original do Globo Esporte vai abordar o preconceito com a comunidade LGBTQIA+ no futebol brasileiro. A série de episódios vai contar com depoimentos de atletas, ex-atletas, equipe técnica e comentaristas que trarão relatos e vivências sobre o tema dentro e fora dos campos.
E o podcast vem em boa hora: em abril deste ano, os organizadores da Copa do Mundo no Catar avisaram que irão proibir torcedores de expor bandeiras LGBTQIA+. A justificativa torna o fato ainda mais absurdo, pois o país alega que não tem como garantir a segurança desta população. Também pudera, já que no Catar fazer parte de qualquer uma dessas letras é considerado crime.
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em cada duas pessoas de grupos marginalizados - pessoas negras, LGBTQIA+, asiáticas, latinas, etc. - se sentem estereotipadas em campanhas publicitárias. Com base nele, a Unilever lançou um compromisso que visa mudar a maneira como representa estas pessoas, o Act 2 Unstereotype.
47%
das pessoas LGBTQIA+ acreditam que se assumirem no ambiente de trabalho pode prejudicar sua carreira. Ainda, 43% não se assumiram entre seus pares de trabalho, ou seja, cadê essas políticas internas de inclusão e diversidade?
22%
é quando sobe as chances de pessoas pesquisadoras LGBTQ+ sofrerem estresse ou ansiedade no trabalho, além de uma probabilidade 30% maior de demonstrarem sintomas de depressão em relação aos outros colegas. O estudo com mais de 25 mil cientistas dos EUA, é um dos maiores já feitos sobre o tema e contou com a participação de pessoas de 21 sociedades científicas diferentes de conhecimento.
79%
da população brasileira apoiam a ideia de que a homossexualidade deve ser aceita. É um crescimento de cinco pontos desde a última pesquisa, feita em 2017, e mostra um avanço importante para a pauta, que ainda encontra resistência maior entre homens (17%) e de pessoas com 60 anos ou mais (22%).
1,8%
é quando diz o IBGE que representa toda a população LGBTQIA+ brasileira. O próprio instituto garante que o estigma e preconceito com a pauta pode ter feito as pessoas não responderem de fato a questão - um problema bem fácil de resolver pra quem faz pesquisa, não é, IBGE? - mas fica a vitória de que no próximo Censo teremos perguntas específicas para ter dados mais confiáveis.
Pink Money
O termo se refere ao poder de compra de pessoas da comunidade LGBTQIA+, uma economia que só no Brasil pode movimentar em torno de R$ 420 milhões em 2020. "Pode", pois os dados são uma estimativa, já que muito se especula do seu potencial a ser explorado. Alguns acontecimentos podem nos trazer alguma clareza sobre essa estimativa, como a Parada LGBT de São Paulo, uma das maiores do mundo, e que movimentou R$403 milhões e reuniu 3 milhões de pessoas na sua última edição presencial, em 2019. Outro indicativo é o turismo, que movimenta US$63 milhões, e é o segundo maior mercado do mundo, ficando atrás apenas dos EUA. Mas os números ainda confrontam uma triste realidade: o Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+ e vive uma subnotificação significativa desses casos. Se de um lado as marcas contam com o dinheiro desse público, já está mais do que na hora delas ajudarem nesta luta.