Não, não é só na sua empresa. Por todo lado só se fala em ESG. A sigla, que vem do inglês e quer dizer Environmental, Social and Corporate Governance, representa um conjunto de premissas para investimentos responsáveis definidos pelo Pacto Global da ONU com o Banco Mundial e publicados em 2004 no manifesto Who Care Wins (ganha quem se importa, em tradução livre).
A sigla passou a ser usada de forma abrangente para representar uma série de iniciativas que empresas devem abraçar para promover um modelo de crescimento mais sustentável, consciente, inclusivo e responsável.
Em um mundo em que as marcas buscam por seu propósito, o ESG tem se tornado um ativo capaz de agregar valor tanto aos olhos do consumidor, quanto perante aos investidores e acionistas.
Não é de hoje que Nós da Cordão acreditamos que as empresas possuem um papel importante na construção de valor para a sociedade - e que o branding é capaz de guiar e facilitar este processo. Por isso, nesta quinta edição da nossa news, reunimos uma série de reflexões em torno do ESG e tudo que podemos fazer para evoluir nosso estágio de consciência empresarial.
Boa leitura! :)
Para ler com calma
Links bons demais para serem lidos rapidamente.
A promessa ainda é maior que o impacto.
Eu tenho uma notícia boa e uma ruim. Qual você quer primeiro? A boa notícia é que nos últimos 20 anos o número de empresas que apresentam relatórios de sustentabilidade cresceu mais de cem vezes e que o investimento em iniciativas socialmente responsáveis recebeu mais de US$ 30 trilhões. A má notícia é que durante o mesmo período de 20 anos as emissões de carbono continuaram a aumentar e os danos ambientais e a desigualdade social também aceleraram. Os dados são deste artigo da Harvard Business Review que conclui que os esforços de sustentabilidade corporativa não têm feito muita diferença para a sociedade ou o planeta - e que é preciso fazer muito mais.
Inevitável e irreversível.
Os cientistas mandaram avisar que as mudanças climáticas já são inevitáveis e irreversíveis. Segundo relatório do Painel Internacional da Mudança Climática, elaborado pelos maiores especialistas no tema, reduções drásticas nas emissões de carbono podem evitar mudanças climáticas piores, mas não farão com que o mundo volte aos padrões climáticos do passado. A temperatura média do planeta tende a se elevar em 1,5º C nas próximas duas décadas, trazendo devastação generalizada. Os principais alertas do relatório podem ser conferidos nesta matéria do The Guardian.
Propósito é ação!
Desde que fizemos um estudo completo sobre propósito no mundo pós-pandêmico ficamos obcecados pela ideia de que propósito é ação. Por isso, nos deleitamos ao ler esse artigo da Forbes que analisa de que forma a Unilever está transformando o propósito de suas marcas em uma declaração de ação, trazendo exemplos práticos de muitas marcas de seu amplo portfólio, como Dove, Clear, TRESemmé e outras. O grande aprendizado é que precisamos de marcas ativas - e não apenas ativistas.
As marcas que muito falam, mas pouco fazem, são logo identificadas pelos consumidores. Este artigo da Fast Company expõe o teto de vidro de muitas empresas que se dizem movidas por um propósito. O autor traz como exemplo a marca Gillette, da P&G, que afirma ser contra a masculinidade tóxica, mas cobra pink tax nos produtos feitos para mulheres. Para quem não está familiarizado com o termo, pink tax quer dizer que as lâminas femininas da marca são 30% mais caras simplesmente por serem cor-de-rosa. Bastante tóxico, não acha?
Ideias para as cidades do futuro.
Mobilidade, consumo local, sustentabilidade e inteligência artificial são as palavras-chave para as cidades do futuro. Neste artigo, o The Guardian propõe quatro ideias para melhorar a vida nas cidades no futuro. Spoiler: os pedestres e as bicicletas devem ganhar tanta importância que já se fala em uma “economia das calçadas".
Como anda a diversidade e a inclusão na sua empresa?
Muitas empresas tem boas intenções na hora de promover inclusão e diversidade, mas pecam ao medir se de fato suas ações cumprem com este propósito. Por isso, a Gartner desenvolveu um índice que ajuda a medir como esta causa está sendo desenvolvida e implementada no ambiente de trabalho. Com perguntas bastante simples, fica fácil entender como anda aquele seu programa de D&I. Pra facilitar, neste link você confere uma adaptação do texto original para o português.
Ao desenhar seu programa de D&I não se esqueça que pessoas mais velhas também precisam ser incluídas. Um novo estudo da Universidade de Stanford sugere que as mesmas pessoas que apóiam a igualdade de gênero e raça no trabalho podem ser mais propensas a discriminar com base na idade. Estes e outros dados sobre etarismo no trabalho podem ser lidos neste artigo da Forbes, que vale demais da leitura!
Ainda, você já pensou em como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pode impactar na mensuração de D&I? Este texto examina os limites legais para a realização de censos de diversidade. Muitos especialistas entendem que o colaborador não pode ser obrigado a revelar dados sensíveis e, portanto, a prática poderia ser considerada ilegal.
Quem tem medo do cancelamento?
O cancelamento entrou mesmo para a cultura popular. 82% dos brasileiros disseram estar familiarizados com o termo para esta pesquisa conduzida pela Globo. E mais: celebridades estão mais propensas a serem canceladas do que marcas (!). Entre as motivações, o racismo e a violência física estão entre as atitudes consideradas mais canceláveis, com destaque para a homofobia e machismo entre os mais jovens.
Energia limpa e brasileira.
E o Brasil tem sua primeira empresa movida 100% por energia renovável: a Minerva Foods. A notícia nos lembrou do trabalho incrível que nosso cliente Luming vem fazendo ao transformar o desperdício da indústria em energia limpa e renovável. Vale a pena conferir o trabalho deles e, para quem se interessar, em nosso site tem o case com o passo a passo do rebranding que fizemos juntos.
Olha esse dado
Números para embasar seu projeto de ESG.
US$ 1 trilhão
é o valor que a emissão global de títulos ESG devem atingir em 2021. O valor é mais do que o dobro do que foi vendido em 2020, segundo dados compilados pela Exame. A projeção da Bloomberg é que até 2025 cerca de um terço de todos os fundos administrados sigam padrões ESG.
68%
dos consumidores esperam que as empresas resolvam os problemas de sustentabilidade. A pesquisa EY Future Consumer Index revelou ainda que 51% deles querem comprar de forma mais sustentável, mas 66% são desencorajados por preços altos.
1/5
dos consumidores acredita nas promessas de sustentabilidade feita pelas marcas. O número ainda é muito baixo mas, por outro lado, a pesquisa da consultoria Wolff Olins destacou que as marcas que agem sobre as mudanças climáticas ou que demonstram claramente práticas éticas estão recebendo reconhecimento.
45%
dos jovens dizem que seu maior medo com relação ao futuro é a mudança climática tornar o planeta inabitável. Os dados são da pesquisa 2031 Future World Report da Dazed Media que diz ainda que o critério número um para escolha de compra de uma determinada marca por este mesmo grupo de jovens é “ser sustentável e ter uma forte ética".
14%
é o crescimento do desmatamento no Brasil em 2020, segundo o sistema MapBiomas Alerta. Foram 13.853 km² desmatados, área nove vezes maior que a cidade de São Paulo, ou 24 árvores por segundo.
75%
dos donos de veículos gostariam de dirigir menos, segundo estudo Future of Mobility, feito pela R/GA. O estudo destaca ainda que 60% dos brasileiros que usam serviços de mobilidade, como Uber ou bikes compartilhadas, pretendem aposentar o carro na próxima década.
475%
foi o aumento das pesquisas pelo termo “carro por assinatura” no Google, entre janeiro e maio deste ano – superando, inclusive, pesquisas por “alugar carro” e “aluguel de carro”. A assinatura de carros é uma novidade que funciona como um aluguel prolongado, que pode chegar a 3 anos.
50%
dos carros americanos devem ser elétricos até 2030, com o objetivo de reduzir as emissões de carbono. Pelo menos, esta é a meta proposta pelo Biden. A GM, Toyota e Ford também anunciaram metas audaciosas para carros elétricos mas hoje, menos de 4% dos carros vendidos nos EUA são elétricos ou híbridos.
76%
das empresas afirmam que não possuem metas de diversidade e inclusão, de acordo com a consultoria Josh Bersin. O dado é baseado nas respostas da pesquisa de 800 profissionais de RH que trabalham em vários tamanhos de empresas e setores em todo o mundo.
Olha esse termo
Marketeiros amam um neologismo, nós não somos diferentes.
Copiosis
Copiosis é uma organização que propõe um novo modelo econômico mundial que parece ser a mistura perfeita entre o ESG e a tecnologia. Eles criaram todas as regras de como funcionaria essa nova economia regulada por Inteligência Artificial que avalia o benefício social e ambiental de cada atividade econômica. Neste sistema, todas as pessoas trabalham e podem enriquecer para adquirir produtos e serviços que desejem, com a diferença de que o fator crucial que determina o preço pago a cada atividade depende do benefício coletivo que ela proporciona. Os detalhes estão explicados aqui.
Apesar de ainda ser algo quase fantasioso em nossa realidade, achamos muito interessante observar como é possível sonhar com novos sistemas econômicos que abracem as novas tecnologias, sejam mais sustentáveis e justos com as necessidades de toda humanidade no futuro. No grupo deles no Facebook sempre rola umas discussões sociais futuristas interessantes, capazes de abrir nossa cabeça para o que antes era inimaginável.
Olha esse livro
Dicas de leitura com nosso selo de aprovação.
Reinventando as Organizações de Frederic Laloux: Se você está lidando com iniciativas de ESG ou propósito na sua empresa e ainda não leu este livro, pare tudo que está fazendo e vá lê-lo agora. Reinventando as Organizações é uma bíblia que orienta como as empresas do futuro devem se parecer. O autor explica que cada período histórico possui um estilo de liderança equivalente e traz à tona o problema de que hoje já estamos em um novo estágio de consciência, porém ainda existem muitas organizações regidas pelo estágio anterior. Vale demais a leitura!
Olha essa ferramenta
As vezes precisamos de uma mãozinha, aqui vão algumas!
Culture Quiz: com uma escala simples, este teste do Marty Newmeier ajuda empresas a medirem o quanto a sua cultura é orientada para inovação.
RawGraphs: ferramenta de visualização de dados complexos, e pode ajudar quando temos aquela planilha do Excel cheia de números e queremos transformar em infográficos amigáveis.
Profile Pic Maker: edição rápida e profissional para fotos de perfis nas redes sociais. É só subir a sua, editar o fundo com os modelos que já tem. Foto ruim, nunca mais!
Gwern: um tutorial para turbinar suas habilidades como pesquisador em dados secundários (ou como stalker).
Aqui na Cordão
Mais sobre o que andamos fazendo
O que o Pix tem a ver com marketing?
Fizemos uma análise completa do Open Banking e do desempenho do Pix em seus primeiros meses de operação no Brasil, listando as 4 principais oportunidades de mercado que marcas de diferentes setores devem estar atentas. O artigo integra o especial Brazil on Spotlight, produzido pela WARC, com análises de especialistas brasileiros - entre eles a Daniele Lazzarotto, nossa fundadora. O texto pode ser acessado aqui, somente para assinantes, ou aqui em versão PDF e em inglês.
Ninguém mais aguenta os gurus do marketing.
Ninguém mesmo. A Dani escreveu este artigo para o Update or Die! sobre os danos que os gurus causam ao mercado - e ele rendeu dezenas de compartilhamentos com depoimentos inflamados do mais puro ódio.
Branding é clareza. Clareza é Poder.
2021 é o ano que muitas empresas estão entendendo que a marca deve se conectar com o negócio, pessoas e a sociedade. Por aqui, iniciamos o segundo semestre com diversos projetos de rebranding e de propósito rolando. Mas, como sempre, não podemos falar deles antes do tempo e por isso ficamos só dando teasers. Ossos do ofício!
Nos vemos em 15 dias?
Esta foi a primeira edição da Nós da Cordão que chegou antes do dia primeiro de cada mês. A ideia inicial era fazer uma news mensal, mas estamos considerando a hipótese de torná-la quinzenal. Você tem uma opinião sobre isto? Por favor, compartilhe com a gente!