O Brasil nos obriga a beber #33
E mesmo assim, estamos bebendo menos [álcool] do que nunca
Das duas uma: neste final de semana você bebeu para comemorar ou para esquecer. Acertamos? Não é à toa que a frase “O Brasil me obriga a beber” virou meme nas redes sociais. A tensão social, política e econômica ficou mais forte do que nunca e o álcool sempre funcionou como uma válvula de escape apreciada pelo brasileiro. Mas, surpreendentemente, o mercado de bebidas tem crescido muito mais no segmento não alcoólico, não só aqui como no mundo inteiro.
Para aliviar a pressão deste pós eleitoral, escolhemos falar sobre o fascinante mercado de bebidas. Seja comemorando ou lamentando, pegue seu copo e vamos em frente. O show tem que continuar.
NoLo para abrir os trabalhos
A expressão em inglês se refere ao consumo de bebidas sem alcóol (non-alcoholic) ou baixo teor (low-ABV cocktails). A supertrend apresentada pelo report da Bacardi 2022 mostra que a predileção tem aumentado de forma geral, mesmo entre os consumidores de álcool.
É o flexitarismo alcóolico: 58% dos bebedores globais desejam praticar esse hábito. Dados locais mostram que nos EUA e no Reino Unido, um quarto dos consumidores planeja beber coquetéis com menor teor alcoólico e/ou sem álcool, também. E aqui no Brasil, bem como no México, cerca de um terço planeja beber coquetéis com menor teor alcoólico. E aí, será que essa moda pega?
A anti-ressaca dos nootrópicos
São bebidas que combinam diversas substâncias legais e presentes em outros produtos para ajudar no desempenho mental e deixar você com um melhor humor. Elas não são necessariamente uma novidade, já eram usadas para tratamentos em pacientes com TDAH, narcolepsia e até reverter alguns sintomas do Alzheimer, mas agora estão ganhando novos adeptos da vida noturna e social.
A nova promessa é do uso para diversão e entretenimento: marcas posicionam nootrópicos para eventos sociais, como festas e shows, para quem deseja ficar um pouco feliz como álcool faz, mas sem o efeito colateral da ressaca. Quem aí também ficou interessado?
Voto de sobriedade
Se os jovens do início dos anos 2010 faziam voto de castidade para seguirem seus ídolos, agora eles escolhem não beber mais. É o que vem sendo registrado entre os membros da Geração Z: tem até um termo usado por eles, California Sober, para aqueles que não consome mais álcool, mas usam maconha - vale lembrar que em vários estados dos EUA o uso da erva já é liberado para maiores de 21 anos.
Outros preferem contar sobre como venceram o alcoolismo nas mídias digitais: Ari Eastman se descobriu viciada em álcool aos 27 anos e, desde lá, procura inspirar outras pessoas, principalmente jovens, a se manterem sóbrios com postagens e um podcast.
Em alguns locais, isso é um problema. Ao menos no Japão: por conta da pandemia, o consumo caiu e bares ficaram à beira do colapso. Numa medida inusitada, o governo do país resolveu lançar um concurso (!) chamado Sake Viva! para jovens “apresentarem ideias sobre como estimular a demanda por álcool por meio de novos produtos, designs e até técnicas de vendas usando inteligência artificial.”
Reinventando água
Sempre bom lembrar que entre um gole de álcool e outro, se hidratar é fundamental. E mesmo esse item essencial está sendo reimaginado pelo mercado, com muitas ideias bastante curiosas. Veja só a FreeWater que vende rótulos de garrafas de água como espaço publicitário e oferece as garrafas de graça, depois.
E água reciclável de esgoto? Pois é, a polêmica surgiu depois do depoimento do CEO da Agência do Meio Ambiente no Reino Unido falar que esse era o futuro. Nesse link você encontra não só mais detalhes dessa declaração polêmica como três cases que já fazem uso dessa “água do amanhã”. E aí, vai experimentar?
30%
aumento do consumo de cerveja sem álcool no Brasil, em 2021. Outro dado que impressiona é que o Brasil é o maior mercado de cerveja sem álcool para a Heineken.
US$ 550 milhões
valor pago pela Pepsico para comprar 8,5% da Celsius e ter os direitos de distribuição. Conhecida como “a bebida que emagrece”, na verdade, é uma boa campanha de marketing com influenciadores e um forte apelo na sua composição sem açucares e com gengibre e chá verde, dois termogênicos.
60%
dos barmans estão preferindo ingredientes locais nas suas receitas, globalmente. O dado corroborá uma preocupação sustentável que também chegou nos balcões de bares.
20%
queda estimada da industria vinícola na próxima década. O motivo é o crescente desinteresse dos Millennials pelo vinho. A boa notícia é que os Boomers tem segurado os números e fazendo este mercado registrar crescimento significativo.
US$ 782,8 milhões
valor estimado do mercado de bebidas "ready-to-drink”, coquetéis prontos para consumo. E as previsões dão conta de um crescimento de 12% ao ano até 2028! Marcar como Tanqueray, Jack Daniel's e até Coca-Cola já entraram nessa.
611
municípios brasileiros sediam uma cachaçaria em 2021, ao menos, um crescimento superior a 10%. As exportações aumentaram quase 30% no mesmo período. O estado com maior número total é Minas Gerais (353) e também o com municípios com ao menos uma (207).
Notas finais
Nestas últimas semanas, a Nós da Cordão superou o marco de mil assinantes! Ficamos muito felizes em levar conteúdo sobre marca para caixas de entrada tão concorridas como a sua. A você que nos acompanha, compartilha e incentiva, nosso muito obrigado! ❤️
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