Não é só você, muita gente tem achado que as redes sociais estão meio sem graça. Um feed inundado de anúncios e subcelebridades tentando nos vender coisas que não precisamos - e nem temos dinheiro para comprar. Memes e piadas copiadas e repetidas à exaustão. Tretas e discussões infindáveis sobre acontecimentos banais. Ou amigos que não vemos desde o colégio postando recortes fabricados de suas vidas monótonas. Enfim, tudo muito chato.
É inegável que as redes sociais estão em declínio, os dados comprovam isto em abundância. Mas, será que testemunhamos uma crise de uma plataforma em específico ou do formato? Para onde vai toda esta audiência quando as redes sociais ruírem? Para onde vão os anunciantes?
As perguntas são muitas e as respostas poucas. Ninguém sabe ao certo como as coisas vão se acomodar, mas todos são unânimes em apontar uma mudança. Por isso, reunimos uma série de artigos, alguns bem profundos e filosóficos, sobre a anunciação de morte das redes. Vamos lá?
Você tem amigos ou audiência?
Vamos puxar pela memória. Quando surgiram as primeiras redes sociais, os gurus professavam que seu objetivo era oferecer uma plataforma de fácil uso para que pessoas comuns produzissem e consumissem conteúdo de seus amigos, fortalecendo e expandindo relacionamentos.
Segundo este maravilhoso artigo de Ian Bogost, publicado no The Atlantic, as redes sociais já morreram há algum tempo. Afinal, hoje as plataformas não oferecem mais relacionamento - e sim audiência. Tanto é que o termo “redes sociais” evoluiu para “mídias sociais" neste meio tempo.
A leitura deste artigo vale a pena também por uma ideia inusitada defendida com veemência pelo autor: dar tanta voz e assunto para as pessoas é ruim para elas e a sociedade. Não fomos feitos para falar (e ouvir) tanto!
Como as plataformas morrem?
O ciclo de vida de uma rede social é bastante simples: primeiro, elas são boas para os usuários; então, elas abusam dos usuários para melhorar a vida de seus anunciantes; finalmente, eles abusam dos anunciantes para recuperar todo o valor para si mesmas. Então, elas morrem.
Este ciclo de vida irônico, porém preciso, foi descrito por Cory Doctorov na Wired como a "Enshittification of social media” (nem ousarei traduzir isto livremente). O Facebook, todos sabemos, já está na última fase. Mas, o autor aponta que a queridinha TikTok também está em franca transição para a segunda parte deste ciclo, ou seja: migrando o valor do usuário para o anunciante. Então, amantes do TikTok, aproveitem enquanto é tempo.
O que vem depois das redes sociais
Segundo este artigo da Harvard Busines Review depois das mídias sociais vamos ver a ascensão das micro-comunidades, o que já acontece em plataformas como Slack, Twitch, Discord e até o Whatsapp que permitem trocas mais aprofundadas com um número menor de pessoas.
Os dados corroboram com esta visão. Dois terços dos jovens com até 30 anos afirmam que preferem falar em tópicos de mensagens privadas em vez de fóruns e feeds abertos para “compartilhar mais abertamente”. E, as pesquisas sobre o comportamento da geração Alfa (nossas crianças e pré-adolescentes de hoje), também mostram a predominância destas plataformas em detrimento das tradicionais “redes sociais”.
E se minha empresa sair das redes sociais?
As plataformas sociais são um canal de mídia tão importante no mix de marketing que um pensamento como esse pode parecer um sonho distante. Mas, não para a Lush. A varejista de beleza encerrou suas contas no Facebook, Instagram e Tiktok, que somavam mais de 12 milhões de seguidores. Um ano depois, afirma que não se arrepende da decisão.
A Lush conta que, após a saída das redes, precisou ser mais criativa em suas estratégias de divulgação e também investir mais em marketing. Afinal, mídias tradicionais costumam ter custos mais elevados. Mas, o maior desafio da marca não foi manter suas vendas ou lembrança de marca, mas atender com agilidade e eficiência os clientes que estavam acostumados a receber atendimento pelas rede sociais.
30%
As taxas de engajamento no Instagram caíram cerca de 30% em 2022, mas permaneceram estáveis no Facebook e no Twitter.
20%
A frequência de postagem caiu quase 20% no Facebook e no Twitter, mas é estável no Instagram.
5,69%
É a taxa média de engajamento por vídeo do TikTok, o que excede em muito a métrica equivalente em outras plataformas: 0,06% no Facebook, 0,47% no Instagram e 0,035% no Twitter.
197.8 milhões de horas
É o tempo que as pessoas gastam em um dia assistindo TikTok em todo o mundo. Em comparação, 17.6 milhões de horas é tempo gasto com o Instagram Reels.
12%
o interesse dos jovens por influenciadores caiu 12% desde 2020. Mais de 16% deles disse que parou de observar os “looks do dia” dos blogueiros.
5.000%
De 2015 a 2022, o público maior de 65 anos cresceu 5.000% no Instagram, 886% no Youtube e 707% no WhatsApp.
ótimo texto, sigo e recomendo vcs na plataforma! Escolhi a Substack por conta de postagens da NDC , parabéns! Aqui é possível salvar os posts como em uma "playlist"? abraços
Na semana passada, naquele tracking que o próprio iPhone faz das horas de uso de cada app, fiquei feliz ao constatar que abri o Facebook 0 (ZERO) vezes na janela de 1 semana! Tá chato mesmo ver rede social.