De dentro do aquário o peixe não enxerga a água. Da mesma forma, nós somos sempre provocados a olhar a situação de uma perspectiva externa, para entender o todo e a forma como nossa sociedade se organiza. Mas se fosse fácil, a gente não teria especialistas nessa missão que, convenhamos, se torna cada vez mais complicada.
É difícil definir qual é a cara do nosso tempo. Afinal, vivemos em uma época cheia de ambiguidades, na qual o novo e o velho coexistem por muito tempo. Onde o real e o fake se tornam cada vez mais indistinguíveis. Por isso, nos dedicamos a pescar os sinais deste tempo onde o contraditório acontece o tempo todo para nos ajudar a navegá-lo com maior consciência.
Mas antes, que tal dedicar alguns minutos para responder nossa pesquisa e nos ajudar a te conhecer melhor? Não poupem palavras, vamos ler tudo com o mesmo carinho que vocês leem nossos e-mails quinzenalmente ;)
A era onde tudo é tendência
Pense comigo: como poderemos compreender o que é tendência em uma era em que as manias viralizam e desaparecem dentro de semanas - ou até dias? Esta é a provocação que faz Jason Parham neste artigo para a Wired. Para ele, a velocidade das mídias digitais transformou o presente em uma era em que tudo é tendência ao mesmo tempo.
Isso acontece pela descentralização. O processo de criar e disseminar uma tendência saiu da TV, das revistas e das mãos dos artistas e foi parar nos algoritmos das redes sociais, muito mais democráticos, distribuídos e velozes. Segundo o autor, a frugalidade do que é cool faz o acompanhamento de tendências parecer um carrossel em constante movimento, rodando de forma alucinada e sem saída. E a metáfora caiu como uma luva por aqui.
Para complementar esta ideia trazemos esse artigo da Vox, que fala sobre o apagamento do mainstream. O autor argumenta que as subculturas ganham espaço através das mídias digitais sem competir umas com outras para sobreviver. Por isso, muitas subculturas coexistem e se sobrepõe, esvaziando o conceito de “cultura de massa".
Tudo vira meme
Nesta era onde tudo pode ser tendência, tudo também acaba em deboche. Os memes são uma linguagem digital na qual os brasileiros se tornam cada vez mais fluentes. Ao fazer piada com qualquer coisa, os memes encapsulam sentimentos, geram identificação e são capazes de dizer muito sobre nós mesmos e sobre nossa cultura.
Por isso, vale a pena escutar o episódio da Float Vibes que se dedica a entender o que a psicanálise tem a dizer e a aprender com eles.
Tudo pode ser golpe
O golpe está aí… e 150 milhões de brasileiros caíram. Afinal, o avanço da tecnologia faz com que seja cada vez mais difícil identificar o que é real do que é fake. E é por isso que golpes de todo tipo se espalham mais rápido que fofoca.
Uma das modalidades mais cruéis e rentáveis são os golpes do Tinder, na qual os golpistas se aproveitam da solidão de suas vítimas para criar uma ilusão de romance e extorquí-las (vale assistir O Golpista do Tinder para entender). Apenas no 1º trimestre de 2021, os americanos perderam mais de US$ 343 milhões neste tipo de golpe, segundo esta análise interessantíssima do The Hustle.
Tudo vem do TikTok
Como bem definiu a Beatriz Guarezi no relatório de tendências de 2022 da Bits to Brands, mesmo que você não seja um dos 100 milhões de usuários do TikTok na América Latina, você já está no TikTok. Entre em qualquer rede social e veja que boa parte do conteúdo que circula ali é cópia ou possui grande influência das trends da rede vizinha. A estética dos comerciais e programas de TV, assim como as músicas mais ouvidas do Spotify, os livros mais lidos e as roupas mais vendidas são fortemente influenciadas pela rede. Vale ler o relatório para entender melhor a força da rede.
Aliás, o professor Scott Galloway fez uma análise dos números da rede há poucas semanas atrás e ela deu o que falar. Afinal, em comparação os números são assombrosos: o TikTok tem duas vezes mais minutos assistidos dentro da plataforma do que a Netflix.
387 mil
foi o crescimento nas assinaturas digitais do The New York Times desde que adquiriu o site esportivo The Athletic e o Worlde - jogo de adivinhar palavras que virou febre nas redes sociais. Os dados foram divulgados no Poder 360.
67%
dos profissionais de marketing planejam investir pelo menos 1/4 de sua verba em esforços relacionados ao metaverso, segundo pesquisa da Sprout Social. E nós ficamos nos perguntando o porque. POR QUÊÊÊ?
48%
dos jovens não tem certeza ou não estão interessados no metaverso, segundo pesquisa divulgada no The Fashion Law.
1,6 milhões
é o número de casamentos que devem acontecer no Brasil em 2022. A ressaca da pandemia fez aumentar em cerca de 500 mil o número de festinhas que ocorrem em um ano normal. Os dados são da Abrafesta.
1/3
das pessoas com menos de 26 anos não conhecem os Beatles, segundo pesquisa realizada no Reino Unido. A pesquisa mostra ainda que metade deles não sabe quem é David Bowie e apenas um em cada cinco conhece a Madonna. Como diriam os Beatles: HELP!
US$ 17,5 milhões
é quanto Charlie D’Amelio - um dos maiores case de influência do TikTok - recebe por ano. O valor é muito maior do que o salário de muitos CEOS de empresas listadas no índice S&P 500k e também de muitos artistas de Hollywood.
No último sábado (28/05) a Cordão participou de mais um Share Talks, que rolou em modelo presencial aqui em Porto Alegre. A Dani Lazzarotto, nossa fundadora, conversou com a Graziela Brum da Farm e a Daniela Bonesi da Panvel sobre os desafios de mensurar e demonstrar a importância das marcas para o negócio. Aqui vão alguns insights deste papo:
Métricas customizadas: apesar de existirem as métricas clássicas de força de marca (awareness, recall, preferência e lealdade, por exemplo), cada empresa precisa escolher um conjunto de métricas que fazem sentido para o seu negócio e a sua cultura interna. Ou seja: até existe uma receita de bolo, mas ela deve ser adaptada.
O intangível como métrica: a Grazi explicou que a Farm valoriza todos os sinais de que a marca está “crocante", ou seja: fresca e atual aos olhos do consumidor. A mídia espontânea (seja em veículos da imprensa ou celebridades) e a relevância cultural são indicadores acompanhados por eles.
Branding x performance: sabemos que é comum que o marketing sofra pressão para priorizar os esforços de performance em detrimento do branding, especialmente no varejo. A Daniela comentou que o acompanhamento da força e da percepção da marca através de pesquisa é um aliado para demonstrar a necessidade de equilibrar as duas estratégias.