O futuro dos carros chegou #76 🚁
O que podemos aprender com esta indústria em transformação
Desde os Jetsons até o DeLorean, nós sempre sonhamos que o futuro iria mudar radicalmente os carros. E, agora, este futuro chegou. A mobilidade urbana está passando por uma transformação sem precedentes. A evolução dos veículos elétricos, autônomos e até mesmo voadores está redesenhando uma indústria que não era acostumada com tantas inovações.
Por mais que você não atue diretamente no mercado automotivo, estudar essas mudanças pode proporcionar insights cruciais sobre inovação, comportamento do consumidor e adaptação tecnológica. A transformação dos carros é um exemplo claro de como a inovação pode reconfigurar mercados inteiros e criar novas possibilidades de negócios.
Vamos entender o que o futuro da mobilidade pode nos ajudar a pensar sobre estratégia?
China: o país dos carros elétricos
Os carros elétricos já não são mais novidade, nem mesmo aqui no Brasil. Você provavelmente já está vendo dezenas de modelos diferentes circulando por sua cidade. Muitos destes modelos são de montadoras chinesas, que entram no mercado por preços mais acessíveis. Mas, apesar desta presença visível, a eletrificação ainda está muito atrasada por aqui. No primeiro trimestre de 2024, os EVs representaram 44% das vendas de carros na China. No Brasil, não chegou nem a 2%.
Além de ter uma forte demanda interna, o governo Chinês está conseguindo um avanço impressionante no mercado mundial, dominando a produção de baterias e avançando fortemente com suas montadoras. O vídeo abaixo explica em detalhes de como o país asiático está construindo seu império eletrificado (a partir de uma perspectiva norte-americana, claro).
O desafio da recarga
O principal desafio para a adoção de carros eletrificados acelerar continua sendo a infraestrutura de recarga - problema ainda maior em um país continental como o nosso. Aprendemos sobre isso quando fizemos o rebranding da Zletric - a maior rede de recarga do Brasil.
Por isso, achamos tão legal o projeto da Renault de criar um “Airbnb" da recarga, para que donos de pontos em áreas remotas possam vender recarga para outros - uma ideia que poderia ajudar muito este mercado por aqui. O case Plugg-Inn ganhou o Grand Prix de Creative Strategy em Cannes. Vale a pena conferir o vídeo ali embaixo.
A Tesla precisa de propaganda?
Houve um tempo em que a Tesla reinou soberana no mercado de elétricos. Mas, com a entrada de novos concorrentes a boa fase parece ter chegado ao sim. A chinesa BYD a ultrapassou no número de carros vendidos. Enquanto isso, a margem operacional e o lucro da Tesla foram reduzidos a mais da metade.
Como destacou Mark Ritson neste texto, “a Tesla não é mais a marca que já foi. E esse é um momento bastante delicioso para aqueles de nós que sempre apontaram a falta de investimento em publicidade da empresa como um erro tático. Não é coincidência que a Tesla, a marca que se orgulhava de não publicar anúncios e não contratar praticamente nenhum profissional de marketing, agora esteja cortando preços”.
Elon Musk sempre foi um crítico do investimento em marketing. Assim, afirmava que a Tesla não precisava de propagando pois tinha fila de espera para seus veículos. Mas, como ele talvez tenha aprendido da pior forma, estimular vendas imediatas é um dos motivos para comunicar. Mas apenas um. Existem muitos, muitos outros motivos para anunciar e eles abrangem toda a gama de vantagens comerciais, desde a adesão interna até a saliência, imagem da marca, confiança do cliente e redução da sensibilidade ao preço. Assim, Ritson destaca como a estratégia da Tesla corroeu sua imagem - e sua margem de lucros. Vale aprender para não repetir o erro.
Carros autônomos, quem confia?
Os carros autônomos ainda tem um “quê” futurista capaz de impressionar. Mas eles já são parte do presente. Quase todas as grandes montadoras possuem ou estão desenvolvendo carros autônomos. Robô-Taxis já podem ser utilizados há pelo menos um ano nos EUA e muitos países da Europa já estão com seu uso regulamentado. Já o Brasil ainda engatinha em carros autônomos por falta de estrutura nas vias e regulamentações.
Apesar de termos uma expectativa alta nesta tecnologia, casos de acidentes ainda são mais frequentes do que os fabricantes querem divulgar. Um dos casos mais marcantes foi quando dez táxis autônomos Cruise, da GM, bloquearam um cruzamento de San Francisco. Depois deste incidente, a GM suspendeu as operações. Já, a Tesla registrou centenas de acidentes, inclusive com vítimas fatais e continua afirmando que a tecnologia é segura.
Confiança é um elemento fundamental para este mercado funcionar, mas isso pode ser apenas questão de tempo. Como destaca esta excelente matéria da Superinteressante, os primeiros elevadores automáticos, em que você mesmo escolhe o andar apertando um botão, foram inventados no começo do século 20. Mas as pessoas tinham medo. Talvez, os carros autônomos estejam passando pelo mesmo problema.
Transporte ou entretenimento?
Com a evolução dos veículos autônomos mundo afora, as montadoras ganham concorrentes de peso: as empresas de tecnologia. Google, Amazon, Apple e Xiaomi estão em uma grande corrida para dominar este mercado. A promessa é que com o crescimento dos autônomos, o deslocamento cotidiano crie um mercado gigante de tempo livre - o recurso mais escasso do mundo hiper-conectado. Assim, as marcas que já dominam o mercado de entretenimento e tecnologia avançam com força para o nicho da mobilidade.
E já tem gente buscando fincar raízes no entretenimento dentro dos carros. A startup N-Dream fez uma parceria com a BMW para trazer jogos para telas dos carros usando o telefone do usuário como controle. A Mercedes Benz fez parceria inédita com o Tiktok para que os motoristas gravem e assistam a vídeos no aplicativo quando o veículo estiver estacionado. Ainda, a Audi está introduzindo um sistema de entretenimento de realidade virtual com uma jornada sincronizada por movimento durante suas viagens, imitando os movimentos do veículo. Exemplos não faltam.
Os jovens já não querem dirigir
Os carros autônomos seriam música para os ouvidos das gerações mais jovens. Afinal, pesquisas mostram que os adultos da Geração Z são menos propensos a possuir carros, menos dependentes de carros para transporte e, em geral, menos envolvidos no fandom automotivo.
Entre os motivos principais para esta escolha estão reduzir a ansiedade gerada pelo trânsito e preocupações ambientais. Ainda, a facilidade promovida por aplicativos de compartilhamento de carros e caronas tornam muito mais fácil a vida daqueles que optam por não dirigir.
Mas, o preço para adquirir um novo veículo também é um limitador. Aqui no Brasil, o preço dos carros populares dispararam nos últimos anos. Há 20 anos, o “carro zero” mais barato saia por R$ 12 mil — corrigindo pela inflação, fica na casa dos R$ 40 mil em valores atuais. Muito diferente dos cerca de R$ 70 mil do modelo mais barato de hoje.
E quanto aos carros voadores?
O ícone futurista também já está entre nós. Já existe empresa de carro voador pronta para estrear suas criações por aí. E não é apenas uma empresa investindo nesse mercado, mas várias.
A startup alemã Volocopter é uma das mais avançadas do mercado. Já recebeu autorização para fazer vôos teste, inclusive nos Jogos Olímpicos de Paris. A expectativa da empresa é receber a certificação para sua aeronave VoloCity transportar passageiros até o final deste ano. No vídeo ali abaixo podemos ter uma ideia de como o modelo funciona. Impressionante, né?
Inclusive, tem empresas brasileiras lutando por este mercado. A Embraer conta com a subsidiária Eve no desenvolvimento do seu carro elétrico voador, cujo primeiro voo teste deve rolar ainda em 2024. Operando comercialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, a expectativa é atingir mais de 12 milhões de passageiros por ano até 2035. Já imaginou?
146%
foi o crescimento na venda de veículos elétricos no Brasil no primeiro semestre de 2024. De janeiro a junho de 2024, foram vendidos no país 79.304 unidades, um aumento expressivo de 146% em relação ao mesmo período de 2023. (Uol 2024)
11 milhões
é a previsão do número de veículos elétricos que estarão em circulação no Brasil até 2040. (Estadão 2024)
65%
foi o aumento da venda de veículos híbridos nos EUA em 2023, enquanto as de veículos elétricos aumentaram cerca de 46% — com vendas atingindo cerca de 1,2 milhão cada nos EUA. (Future Party 2024).
55%
é a expectativa da União Europeia para redução das emissões de carbono até 2030. Esta meta será alcançada a partir da proibição da fabricação de novos veículos movidos a combustíveis fósseis (Uol 2023)
USD 21 bilhões
é o valor estimado para o mercado de entretenimento automotivo até 2026 (Statista 2024).
USD 1,5 trilhão
é o faturamento projetado para o mercado de eVTOLs (electric vertical take-off and landing) para 2040 (JPMorgan, pelo The Brief 2024).
7 em cada 10
jovens não têm a compra do 1º carro como prioridade (OLX 2023).
10,5%
é o quanto caiu o interesse dos jovens em ter uma carteira de motorista nos últimos seis anos. (Detran de SP)
74%
dos consumidores estão abertos a compartilhar dados em troca de acesso gratuito a serviços de carros conectados, como ferramentas de navegação aprimoradas e sistemas avançados de assistência ao motorista (WARC 2023).
Agosto está agitado por aqui! Estamos iniciando novos projetos de branding e pesquisa com a Saque & Pague, com a Trinca e também com a icônica Olina.
Ah, e nossa agenda de palestras aqui em Porto Alegre está intensa também.
Dia 21/08 - a Dani Lazzarotto estará palestrando na ESPM em evento do GAV com a palestra “E e AI, marcas? O futuro das marcas em um mundo inteligente”.
Dia 22/08 - o Matheus Conci estará no Trinca Talks falando sobre estratégias Go-To-Community.
Ah, e temos mais uma novidade. Agora, a Dani Lazzarotto está participando como Co-host do Aula Podcast, ao lado de Augusto Rocha e Rafael Martins e Dado Schneider. Fica o convite para nos ouvir. O episódio ali abaixo é sobre como construir um bom networking. Dicas de ouro!
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