Podemos afirmar que o sexo tem muito mais espaço na nossa sociedade do que antes. E por isso mesmo surgem algumas discussões sobre a forma que, por muito tempo, ele foi associado. A pornografia é algo positivo? O prazer termina depois de uma certa idade? Precisamos de uma pessoa parceira para praticar?
Trazemos esse assunto para nossa newsletter pois o comportamento mudou e as pessoas querem falar de sexo de um jeito que se alinha muito com valores e crenças do nosso tempo. E marcas e empresas que gostariam de falar sobre vão precisar participar dessa conversa, ou irão parecer aquela gente que ainda acha que sexo é um tabu.
Cuidado, a Genz gosta de sexo, sim
Equivocadamente, tem-se dito que a geração Z é menos interessada e até mais conservadora quando o assunto é sexo. Criaram até um termo, os Pureteens, numa tradução livre, jovens puros. Mas, a verdade é que eles estão interessados em fazer menos sexo por pressão social, e mais por consentimento e vontade.
Parece uma mudança sútil, mas o que os estudos mostram é que eles tem contestado o jeito que muitas vezes lhes foi mostrado a busca do prazer através do sexo. E isso abrange tudo: a pornografia que desafia a realidade e estimula a violência e até os papéis de submissão, a obrigação de transar no primeiro encontro e até a competição de quem transa mais.
Amizade colorida em alta
Sabe aquele papo de que de uma amizade pode surgir uma linda história de amor? Pois então, esse parece ser o início de muitos relacionamentos, ao menos entre os jovens da GenZ. Em uma pesquisa recente entre o público dos EUA, 43% das pessoas entre 18 e 29 anos estavam em um relacionamento com alguém que era uma amizade sua anteriormente. Isso é o dobro dos 21% das pessoas com mais de 65 anos, por exemplo.
A recusa por aplicativos de paquera, a falta de confiança em recém conhecidos e uma busca por relações que lhes permita ser mais eles mesmos são algumas da razões dessa predileção. A GenZ também está atentada à rede de contatos, sobretudo as mulheres, que preferem amizades em comum para criar laços mais profundos e evitar situações constrangedoras com pessoas estranhas.
IA dos relacionamentos
Que a inteligência artificial vai entrar nessa onda dos relacionamentos, nós sabemos, mas dois casos recentes chamam a atenção para o nível de intimidade que ela pode estar assumindo - e confundindo nossas emoções e até nos colocando em risco.
O primeiro exemplo veio da palestra da terapeuta de relacionamentos Esther Perel no último SXSW. Um individuo criou um bot para simular consultas com ela já que não conseguia agendar uma. O fato, que ela brincou ser lisonjeiro e aterrorizante, mostra o que ela chama de Intimidade Artificial, quando “as pessoas supostamente estão umas com as outras, mas não estão presentes”.
O segundo exemplo são as deepfakes, que já falamos por aqui, mas que agora começam a aparecer em horário nobre na televisão brasileira. O caso mais recente é na novela das 9, Travessia, em que um pedófilo se vale de uma personagem feminina criada também por inteligência artificial para enganar uma jovem e conseguir fotos íntimas sua.
Entender o sexo em qualquer idade
Da mesma maneira que discutimos gênero e diversidade sexual, uma pauta pouco abordada é de como a mudança dos nossos corpos também pode determinar a nossa relação com o sexo. O avanço da idade explora outras áreas corporais e também novas formas de se relacionar que ainda encontram não só pouca representatividade na nossa sociedade como resistência.
Separações e divórcios são ainda mais comuns nessa faixa, e geralmente resultam em reconexões com pessoas parceiras de anos anteriores. Com a tendência de envelhecimento da nossa sociedade, quanto marcas e empresas estão interessadas em entender essas relações?
34,7%
crescimento registrado de novos empreendimentos do mercado de bem-estar sexual no Brasil, em 2022.
59%
dos jovens brasileiros disseram usar camisinha em 2019, porcentagem bem distante dos 72,5% de 2009.
160%
crescimento da receita líquida do OnlyFans em 2021, enquanto os seus creators viram um crescimento de 115% dos seus rendimentos.
11%
dos jovens norte-americanos entre 18 a 24 anos vivem com um parceiro romântico que não é o mesmo cônjuge do ano passado.
25%
crescimento dos pedidos de mudança de nome e sexo registrado nos cartórios do Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2022.
12
idade média que uma pessoa nascida no Brasil começa a consumir pornografia. Outro dado é que aos 18 anos ela perde a virgindade, em média.