Você confia em tudo o que é marca? 👀 #55
Nunca foi tão importante prestar atenção na confiança gerada - ou não.
Pense só na importância que a confiança tem para a construção da nossa sociedade. Os primeiros humanos das cavernas precisaram apostar que seu par não ia roubar sua comida ou mesmo tirar a sua vida. Que enquanto alguém ia buscar a lenha outro traria a caça. E tentar voltar vivo. Enfim, a confiança nos tornou o que somos hoje, sem dúvida.
Esse instinto quase primitivo anda bem abalado, é verdade. Fake news, green washing, pink money, e por aí vai. E nós, como consumidores, exigimos das marcas esse mesmo compromisso, já que não podemos checar cada informação anunciada a todo instante quando vamos escolher um produto ou serviço.
Nesta newsletter reunimos algumas dessas inquietações que abalaram ou podem abalar a confiança dos consumidores com as marcas. E também o que podemos fazer para gerar mais confiança no mercado e trabalhar para continuar acreditando nas suas promessas.
Tomates podres na crítica
A polêmica da vez envolve o agregador de resenhas de filmes e séries Rotten Tomatoes: o caso Ophelia mostrou como é fácil manipular as notas dos filmes pagando críticos para recomendar uma produção e, consequentemente, fazer aumentar sua nota. Tudo isso gerando uma onda de descrença na ferramenta que celebra seus 25 anos em 2023.
Isso é importante pois o site virou um verdadeiro termômetro para a industria, que já percebeu como o seu funcionamento permite arrastar mais pessoas para as salas de cinema ou para o streaming, sem necessariamente melhorar a qualidade das produções.
Veja só o que aconteceu com Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania que, em suas primeiras avaliações conseguiu uma nota de 79%, atingindo o melhor resultado do final de semana da franquia. Porém, quando um novo "lote” de críticas baixou a nota para 40%, veio acompanhado de um novo recorde negativo para a Marvel: a queda mais acentuada da receita de um dos seus filmes.
No vídeo abaixo, o crítico de cinema Dalegonare discute a matéria sob o que ele ouviu também no Festival de Toronto deste ano sobre a polêmica do Rotten Tomatoes:
Geração DeZ
Se fizermos um recorte geracional, a GenZ - os jovens de 13 a 26 anos, em média - parece ser a mais desconfiada em relação às marcas. Dados não faltam para comprovar esse reconhecimento.
Primeiro, o resultado do relatório anual das Marcas Mais Confiáveis 2023. Com Band-Aid liderando - na frente da Amazon, Visa e Dove - o resultado mostra um consumidor, de forma geral, mais desacreditado nas empresas. Mas os GenZ esculacham na desconfiança: um índice de confiança líquida de 11%, em média, calculado com a parcela de pessoas que dizem confiar nas marcas “para fazer a coisa certa” menos a parcela que não confia.
Segundo, as fontes de informação: eles se mostram os mais céticos com as fontes de informação e, surpreendentemente, são os que mais confiam em jornais e menos nas redes sociais. Mas como assim se, apesar disso, eles dizem que as redes sociais são sua principal fonte de notícia? Para o The Shelf a resposta é UGC - User Generated Content, ou conteúdo gerado pelo usuário - um formato que, para essa geração, transmite confiança e credibilidade.
Para confiar, basta saber menos
Com os dois pés na porta, a IA entrou nas discussões estratégicas das empresas e nas preocupações dos consumidores. Uma recente pesquisa mostrou que mais da metade dos norte-americanos (52%) estão mais preocupados do que entusiasmados com ela. Foi um salto de 14 pontos em apenas 8 meses!
O que mais chama atenção, e explica o resultado, é o nível de entendimento da IA: entre aqueles que responderam que “ouviram muito sobre IA” tem 16% mais probabilidade agora do que em dezembro de 2022 de expressar mais preocupação do que entusiasmo em relação a ela.
A saída é uma expectativa, na verdade, de uma regulamentação que venha do governo. Apesar de muitas possibilidades, o consumidor está desconfiado também do uso da IA principalmente por parte das empresas, já que, em outro estudo, apenas 45% dos consumidores confiam que as empresas usarão a IA de forma ética.
Cadeia da desconfiança
Se você é brasileiro e acredita na ciência sabe muito bem que os últimos desastres naturais que aconteceram no Brasil tem uma relação direta com as mudanças climáticas. Por isso, se faz necessário que medidas ambientais deixem de ser um engodo empresarial e se torne prática ativa das marcas que realmente quiserem entregar valor nas suas estratégias ESG para os consumidores.
Porém, as notícias não são nada animadoras, ao menos do outro lado do balcão. É que aquelas embalagens de alimentos orgânicos ou que prometem um produto feito com menos emissão de carbono parecem ser exatamente isso que são: apenas embalagens.
Problema é que fica difícil realmente rastrear a procedência desses produtos, além do embate entre consumo e mudança de comportamento de compra dos consumidores, já que algumas dessas medidas envolvem uma redução no consumo de alguns produtos, como da carne vermelha.
87%
de pessoas que vivem com condições crônicas buscando a opinião de outros pacientes com as mesmas condições. O bem-estar tem um desempenho muito mais forte quando a mensagem é liderada pela comunidade.
74%
dos consumidores globais espera respeito e proteção aos seus dados, privacidade e segurança. Ainda, segundo dados da mesma fonte, 65% dos consumidores mudaram de fidelidade à marca porque a experiência do cliente não correspondia ao que havia sido prometido pela imagem da marca.
-15
pontos que o Brasil caiu no índice anual que media quanto que os entrevistados e suas famílias acreditariam que estarão em melhor situação dentro de cinco anos. O sentimento é global: a diferença é ainda maior na Argentina (17 pontos) e Nigéria (19).
+30
nível de confiança dos consumidores britânicos nos supermercados, indice mais baixo desde 2013 (+24). A escala, que vai de -100 a +100, mostra a desconfiança que eles tem sobre o lucro que os estabelecimentos estão tendo em cima dos produtos inflacionados.
2/3
é quanto aumenta a probabilidade de confiar na industria publicitária entre os consumidores que viram a recente campanha publicitária do órgão de vigilância da publicidade na Escócia do que aqueles que não viram, e 50% mais probabilidades de confiar na maioria dos anúncios.
89%
dos executivos que se identificaram como fornecedores líderes disseram que os clientes confiam nas operações da sua cadeia de abastecimento, porém, apenas 68% dos 500 clientes em uma pesquisa separada disseram o mesmo.
77%
dos compradores B2B relatam que a sua última negociação foi muito complexa ou difícil o que, segundo os dados da mesma pesquisa, está gerando uma crise de confiança no segmento.