A indústria do marketing funciona assim: de tempos em tempos, novos especialistas aparecem para desdenhar dos modelos anteriores e declarar o seu fim. Isto está acontecendo agora com o marketing de influência. Nas últimas semanas, pipocaram diferentes artigos em nossa timeline declarando o seu triste fim.
Certamente, a efemeridade é uma das grandes marcas do nosso tempo e não podemos nos apegar à nenhuma fórmula de sucesso. Mas, ao invés de declarar a morte da influência e sair à cata da “próxima grande coisa”, não deveríamos estar mais atentos a como a influência está se transformando? Afinal, ao invés de estarmos diante de um enfermo em cuidados paliativos, podemos testemunhar uma fênix que renascerá ainda mais forte.
A Nós da Cordão desta quinzena se dedicou a investigar de perto a suposta morte da influência.
Tinha que ser o TikTok de novo
A suposta morte da influência é mais uma das mudanças que entraram para a conta do TikTok. Mas, não é porque os influenciadores deixam de existir por lá, pelo contrário: um número muito maior de pessoas conseguem alcançar este status. Afinal, o algoritmo do app vizinho valoriza muito mais o conteúdo em si do que o número de seguidores de cada conta. Por isso, qualquer um tem potencial de viralizar da noite para o dia e ganhar influência na rede. Isso pode ser um sonho dourado para muita gente, mas traz pelo menos dois grandes problemas.
O primeiro problema é aquilo que que a Ana Paula Passarelli da Brunch chamou de “desumanização do creator". Já percebeu como é comum as pessoas se referirem aos criadores como “aquela pessoa do TikTok" uma vez que você não precisa conhecer ou seguir o criador para ser impactado por seu conteúdo na rede. Ou seja: está mais difícil criar uma comunidade para si.
Para marcas este algoritmo também pode significar uma leve dor de cabeça. Se o número de seguidores, curtidas ou engajamento já não é tão relevante, como montar uma boa estratégia de marketing de influência?
As novas siglas da influência
Para as marcas, a nova receita de sucesso para o marketing com influenciadores pode estar baseada em um novo estilo de influência centrado no conteúdo. Tem até um novo nome chique para isso: genuinfluencers. E também novas siglas que surgem para compor as estratégias com eles: UGC e KOL e KOC.
UGC (Conteúdo Gerado pelo Usuário) não é um termo tão novo. Mas, passa a ser a grande aposta das marcas. Segundo este artigo da Fast Company, depois de mais de uma década investindo muito dinheiro nas parcerias com grandes influenciadores, os profissionais de marketing estão apostando em acordos mais baratos com criadores amadores.
Já, o KOL (key opinion leaders, ou principais líderes de opinião) é uma sigla popular na China e que começa a tomar conta do ocidente. Trata-se de pessoas que são experts em suas áreas de estudo e que, por isso, tem muita credibilidade em sua opinião. Segundo esse artigo da Vogue Business, as parcerias com o KOLs e o KOCs (key opinion customers) se tornarão centrais para as marcas no futuro da influência.
É cada um por si
Já, para os criadores de conteúdo, a receita do sucesso pare estar na migração de uma “economia da influência (baseada em propaganda) para a “economia dos criadores” (baseada em seus próprios negócios), como vemos neste artigo da Vogue.
Para dar um exemplo prático, na última semana as irmãs D’Amelio (que juntas possuem as maiores contas do TikTok e são as mais bem pagas em todo o mundo) lançaram sua própria marca, pensando em evitar os altos e baixos da carreira de influenciador. Aqui no Brasil, podemos citar o exemplo da influenciadora Virgínia Fonseca — que tem quase 40 milhões de seguidores no Instagram — e lançou uma linha de óculos. O resultado? Um faturamento de R$ 1 milhão em 30 minutos. Com todo esse poder, quem precisa de publi, não é mesmo?
Meu exercito é pesado, a gente tem poder
Mesmo com tantas mudanças, ninguém consegue negar que os influenciadores, de fato, conseguem influenciar as pessoas, especialmente no Brasil. Um estudo conduzido pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Statista e da HootSuite mostrou que somos o país mais influenciável, do mundo!
Cerca de 43% da população já adquiriu produtos ou serviços influenciado por um criador de conteúdo, ocupando a primeira posição do ranking, que é seguido por China (34%). O estudo argumenta que a China se encontra na segunda posição pelos seus avanços em social e live-commerce.
Mais sobre influência:
Nós da Cordão #8: A vez dos creators.
Nós da Cordão #19: Tudo junto e misturado
US$ 13 bilhões
é o tamanho estimado da Creator Economy, de acordo com a Statista. O segmento é focado em empresas que ajudam criadores a transformar seu conteúdo em serviços ou produtos que podem ser vendidos direto ao público.
apenas 32,87%
dos criadores de conteúdo no Brasil dizem conseguir monetizar com sua própria audiência. Desses, 57,7% faturam vendendo consultorias, mentorias ou cursos online para os usuários.
51%
dos profissionais de marketing concordam que a transmissão ao vivo comprável (shop-stream) se tornará um "must" para todas as marcas no próximo ano.
85%
dos creators do Tiktok tem a atividade como única ocupação. O estudo com 500 destes usuários também constatou que a plataforma é a favorita, pois é a que melhor rentabiliza.
40 anos
é a idade média do criador de conteúdo. Segundo o estudo global, este mercado é dominado por Millennials e a Geração Z responde por apenas 14% dos criadores. Quem é cringe agora, hein?
74%
dos marketeiros planejam gastar pelo menos 1/4 de seu orçamento de mídia social em parceria com um influenciador nos próximos três a seis meses.
45%
dos profissionais de marketing afirmam que a verba é o maior desafio para trabalhar com criadores de conteúdo. O estudo também mostra de que forma os brasileiros se sentiram influenciados pelos creators. O maior percentual (38%) afirmou que já queria comprar o produto e o review foi decisivo.