A notícia dessa semana que o Zoom exigiu a volta ao trabalho presencial soou como uma piada. Se durante a pandemia a empresa significou, muitas vezes, nossa maior possibilidade de interação, seja profissional ou de lazer, agora ela drasticamente se volta a um padrão cada vez mais comum entre as empresas.
Essa foi só mais uma lenha na grande fogueira que reside entre os adeptos e detratores do home office. Se a gente pegar qualquer material de pesquisa entre 2020 e 2021 vai ver que ele era apontado como uma verdade que teríamos que engolir.
Mas agora, dado esse último movimento do Zoom ficaram os questionamentos: o que vem por aí? Será que voltaremos ao presencial? Ao híbrido? Ao remoto? Nenhuma dessas opções? Quem tem a razão? Vem tentar descobrir com a gente nessa edição.
A produtividade do retorno
Nesse artigo recente da Fortune, os dados não mentem: a produtividade com a retomada das atividades presenciais caiu, ao menos nos EUA. Segundo dados de diversas fontes, os níveis de produtividade ainda não voltaram ao período pré-pandemia. E, imaginem, o pico foi atingido justamente no período que as pessoas tiveram que ficar em suas casas.
Os escritórios estão sendo chamados de assassinos da produtividade. Em uma pesquisa do Slack em 2022, a empresa sugere o uso híbrido dos espaços físicos, deixando estes reservados para conectar times e trocas com colegas de trabalho.
Em busca do modelo ideal
Para garantir uma baixa rotatividade dos times, garanta um modelo híbrido! O formato é o favorito de 74% dos 1.300 funcionários de grandes empresas que participaram do estudo da IDC Brasil a pedido do Google Workspace. Ainda, a principal justificativa é o bem-estar e equilíbrio da saúde mental (75%).
Em alguns setores, essa realidade é ainda mais radical: segundo estudo da startup Revelo, 79% dos profissionais de tecnologia considerariam trocar de emprego caso a empresa em que trabalham exigisse a volta ao modelo presencial.
Mas nem tudo está vencido: para 65,9% afirma que a principal vantagem de ir ao escritório é a interação com os colegas no escritório. Tá aí um desafio a ser superado.
Bico: o sobreemprego brasileiro?
Embora não seja uma exclusividade brasileira, o bico é uma realidade - e necessidade - bastante típica entre nossos conhecidos. Nos últimos anos essa tem sido a saída para muitas pessoas complementarem sua renda, mais precisamente 45% dos participantes de um estudo do Ipec em 2022.
Por outro lado, ainda na pandemia surgiu o overemployed, em bom português sobreemprego, o ato de manter mais de um trabalho ao mesmo tempo sem necessariamente um saber sobre o outro. E o que eles tem em comum? Ambos desafiam as empresas pois suas motivações são totalmente econômicas - ganhar mais dinheiro - do que emocionais - conectar-se com os valores da empresa, por exemplo.
Cidades & home-office
Segundo um relatório do McKinsey Global Institute, o trabalho remoto tem a possibilidade de reduzir em US$ 800 bilhões (R$ 3,8 trilhões) o valor dos prédios comerciais nas principais cidades do mundo.
E até os mais ricos sofrem: em Hamptons, um paraíso de praias privadas que viveu um boom imobiliário com o trabalho remoto, abrigando os banqueiros mais ricos dos EUA. Só que com a volta deliberada aos escritórios, o local vê estabelecimentos fecharem e o valor dos imóveis despencar a níveis cavalares.
Mas nem tudo é uma derrota: segundo esse texto bastante interessante da Vox, repensar as cidades e os grandes centros em torno de escritórios é o desafio urbano. Por sermos seres supersociais - a pandemia deixou bem claro esse nosso instinto - vamos continuar explorando os espaços coletivos, como os estabelecimentos mais locais.
Um bom exemplo prático é o sentido no bolso do colaborador: em cidades maiores, com maiores transtornos de mobilidade urbana como Manhattan, um trabalhador está gastando US$ 4.661 a menos por ano em refeições, compras e entretenimento perto de seus escritórios. Alguém aí fica triste com essa economia?
Mais sobre home office:
Nós da Cordão #04: Saudade do que não vivemos
Nós da Cordão #07: A reinvenção do trabalho
Nós da Cordão #14: Meta para 2022: Sua saúde mental
90%
de feedback para candidatos de vagas encerradas ou canceladas garantem o selo "Empresa que dá Feedback!" da Gupy. Esse é um dos critérios de reconhecimento para valorizar empresas que entendem que processos seletivos não são bagunça.
41%
dos brasileiros acham mais complicado o retorno ao presencial do que no período remoto, segundo participantes de um estudo. Ainda, 84% diz saber separar bem as tarefas domésticas com as atividades profissionais quando adotam o home office como opção.
15%
das postagens anunciam trabalho flexível no Linkedin, embora 50% das candidaturas enviadas sejam para empregos remotos. Esse descompasso vem se acentuando, ainda que a volta ao presencial esteja em alta.
3
dias de trabalho presencial obrigatórios como “punição” a quem não estabelecer um acordo formal de trabalho remoto prévio: é assim que a Publicis exigirá a todo o seu quadro de funcionário, a partir de 4 de setembro nos EUA.
5º
posição do Brasil no ranking de mais pessoas contratadas pela plataforma Deel de forma remota. Foi um salto de 97% de junho de 2022 para este ano, e os EUA é responsável por 67% da contratações dos nossos conterrâneos.