Não é preciso ser especialista para perceber que os canais de mídia vem se multiplicando vertiginosamente. Mas, é até assustador quando conseguimos quantificar este crescimento. "Em 1960 existiam basicamente 5 canais de mídia (TV, Rádio, Jornal, OOH e Revista). Hoje existem mais de 70. Se aplicarmos a lei de Moore, este número tende a duplicar a cada dois anos". Esta constatação foi feita por Geoffrey Collon em 2017. Então, se ela for verdadeira, estamos falando de mais de 560 possibilidades de mídia nos dias de hoje. É muita coisa!
Para os gestores de marketing, o desafio de conhecer estes quinhentos meios, entender como eles funcionam, definir quais serão prioritários e gerenciar a presença da marca em cada um deles é gigante. Mas, ao mesmo tempo, vemos surgir possibilidades criativas que tiram as marcas do marasmo e projetam sua percepção para outro patamar. Por isso, nesta edição da Nós da Cordão buscamos inspiração em cases de empresas que propõem a criação de novas mídias e de outras que conseguiram usar a complexidade a seu favor.
Afinal, enquanto uns choram, outros vendem lenços. E outros vendem anúncios em caixas de lenços.
Apresentando a mais nova mídia: o carro.
A mobilidade urbana é um dos setores que mais sofrerá transformações nos próximos anos. Carros elétricos e autônomos devem criar mudanças radicais no comportamento do consumidor e, com isso, novas oportunidades de mídia.
Acontece que os carros são cada vez mais parecidos com computadores, e muitos modelos possuem telas de altíssima resolução. No caso dos carros elétricos, além de termos esta super tela cria-se ainda um “tempo livre", já que o tempo de carregamento das baterias é, no mínimo, de 20 minutos - gerando um novo momento de mídia.
E já tem gente buscando aproveitar este novo momento. A startup N-Dream fez uma parceria com a BMW para trazer jogos para telas dos carros usando o telefone do usuário como controle. Ainda, a Mercedes Benz fez parceria inédita com o Tiktok para que os motoristas gravem e assistam a vídeos no aplicativo quando o veículo estiver estacionado.
O carro é uma oportunidade crescente de mídia não apenas para motoristas, mas, como o Uber está testando atualmente, também para passageiros. Imagina só todas as oportunidades que surgirão quando os carros autônomos estiverem populares!
Não existe almoço grátis. Nem TV grátis.
A máxima “se você não paga pelo produto, você é o produto” pode até estar meio manjada, mas a Telly realmente está levando a ideia a sério. A proposta da empresa é distribuir mais de 500 mil televisões de 55 polegadas. A contrapartida? Os dados dos consumidores, ora! Mas, não somente os dados daquilo que você assiste e clica. A Telly também tem uma câmera. E um microfone. E um assistente de voz. E sensores que detectam quando alguém está usando a TV a qualquer momento. Todas estas informações serão coletadas e compartilhadas com anunciantes. E não para por aí: ela também vem com uma dupla-tela que exibe anúncios 24 horas por dia (e que não podem ser pulados). E aí, achou um bom negócio ou um presente grego?
Ilya Pozin, o CEO da empresa, apresentou a Telly como a maior inovação desde a TV a cores. Mas, a oferta provocou muita discussão. Qual o limite do monitoramento dos usuários? O que é feito com os dados de crianças? E, principalmente, será que haverá demanda para sustentar esse negócio?
Se você achou a Telly uma oportunidade de mídia interessante, provavelmente vai curtir esta ideia também: a FreeWater é uma empresa que vende rótulos de garrafas de água como espaço publicitário e oferece as garrafas de graça depois. Bem menos polêmico, não é mesmo?
Anunciar em entretenimento para ganhar atenção de qualidade
A atenção é o bem mais escasso da atualidade, disso todo mundo já sabe. Enquanto isso, as séries e filmes estão esbanjando audiências gigantes, altamente atentas e qualificadas. Por isso, o Gartner acredita que a inserção de mensagens de marca dentro de produtos de entretenimento será cada vez mais popular. A previsão é de que 70% das marcas vão gastar pelo menos 10% de suas verbas neste tipo de mídia até 2024.
Esta modalidade de mídia é comumente chamada de product placement, que é quando o produto ou serviço é casualmente inserido dentro de um produto de entretenimento, como filmes, séries ou games. A Apple é tão conhecida por fazer placement de seus produtos, que existem até teorias dizendo que é possível identificar o mocinho de um filme apenas observando se ele usa um Iphone.
Outro ótimo exemplo de product placement é como a marca Cinnabom acabou no centro da narrativa na série Better Call Saul. Aproveitando uma citação espontânea (e não muito lisonjeira) dos autores da série, a marca cresceu sua participação no programa, com total liberdade dos roteiristas, aliando sua atuação com uma estratégia integrada de conteúdo nas redes da marca e promoção nas lojas. É um caso que vale a pena ser estudado.
O comercial de 4 horas
E já que o assunto é usar o entretenimento como mídia, vamos trazer destaque para este case da Nissan com a Lo-fi Girl. Talvez você até seja ouvinte, mas se ainda não é, saiba que 12 milhões de pessoas escutam o canal do Youtube que exibe músicas no estilo lo-fi com a imagem ininterrupta de uma menina estudando. Este estilo de música lento e de baixa resolução sonora ganhou popularidade para pessoas que buscam concentração.
Entendendo a audiência e a dinâmica do conteúdo, a Nissan inseriu um anúncio de 6 minutos no canal. O vídeo de 4h usava uma imagem no mesmo estilo visual do Lo-fi Girl ao som de lo-fi. O resultado? O vídeo acumulou mais de 1,1 milhão de horas de exibição. Nada mau, não é?
Mais sobre novas mídias:
Nós da Cordão #8: A vez dos creators.
Nós da Cordão #26: Sobre marcas e anúncios.
Nós da Cordão #31: A era da influência acabou?
Nós da Cordão #39: Varejo ou mídia?
6,6/10
é o quanto o Brasileiro confia no LinkedIn como fonte de notícias. A rede social de profissionais foi a plataforma com maior pontuação, na frente inclusive de veículos tradicionais como Rede Globo (5,1), Band (5,3) ou CNN (6,3). A pesquisa é do The News.
78%
dos americanos dizem nunca ter assistido a uma transmissão de live-commerce. A modalidade de vendas faz imenso sucesso no oriente, sendo que 74% dos chineses já compraram um produto desta forma. Mas, ao que tudo indica, o comércio por transmissões ao vivo ainda patina para conquistar os países ocidentais.
42%
dos profissionais de marketing tem como principal preocupação sua inabilidade para mensurar a efetividade de campanhas, segundo revelou pesquisa da Mediaocean, publicada pela WARC.
USD 243 bilhões
deverá ser o gasto para produzir conteúdos de entretenimento em todo o mundo até o final de 2023. Os dados foram projetados pela Ampere Analysis.
68%
é o % da população que deve ser alcançada pelos podcasts até o final de 2023, de acordo com dados da GWI. Os podcasts e os games (68%) devem superar o alcance da mídia impressa (67%).
Antes de ir, um convite:
Euzinha, Dani Lazzarotto - fundadora aqui da Cordão, vou estar palestrando na ARP (Associação Riograndense de Propaganda) no próximo dia 20/06, em Porto Alegre. O tema da minha palestra será “Como construir marcas que impulsionam negócios".
Vou falar sobre como as marcas devem ser pensadas dentro da estratégia de negócio (e vice-versa) e apontar os 4 principais erros que impedem as empresas de ter melhores retornos sobre o investimento em marca.
O evento é exclusivo para sócios da ARP, mas nós da Cordão temos direito a dois convites que vamos sortear entre nossos leitores. Responda esse e-mail se você tiver interesse de participar :)